segunda-feira, 4 de julho de 2011

Metas de Inflação, Reformas e Expectativas

Por: Dárcio Lazzarini

O Conselho Monetário Nacional (CMN) vai fixar a meta de inflação de 2013 em 4,5%. O mesmo valor que vem sendo perseguido por seis anos consecutivos, sem contar que ela permanece constante nesse ano e no próximo. Ou seja, nove anos com a mesma meta de inflação. Há quem diga que a meta poderia ser mais baixa. Mas como diminuí-la se as contas públicas ainda são tão frágeis?
Antes de pensar em diminuir a meta de inflação, outras medidas precisam ser tomadas, tais quais: reforma da previdência e melhora na qualidade do endividamento. De fato, existem países com um endividamento muito maior que o brasileiro; contudo, a dívida desses é muito mais saudável que a nossa. Esses países conseguem emitir títulos com vencimentos longos e com taxas de juros pré-fixadas. O Brasil, por outro lado, tem uma dívida com duration bem menor e, grande parte dela, pós-fixada via Letras Financeiras do Tesouro (LFT), cuja rentabilidade é a variação da taxa SELIC diária, e dívidas indexadas a índices de inflação via Notas do Tesouro Nacional, que podem ser atreladas ao IPCA se for uma NTN-B ou IGP-M se for uma NTN-C. Uma dívida com juros pós-fixados é muito mais arriscada que uma com juros pré-fixados, pois ela é vulnerável a choques futuros adversos na economia que afetam os juros. Com relação à reforma da previdência, nenhum governante deu a devida atenção ao assunto, pois ele não é de interesse de sua coalizão partidária que esteve ou está no governo. O único presidente que tinha poder político para mexer no ninho da cobra foi o anterior, mas, infelizmente, não o fez. Resta-nos agora esperar nascer um novo “Filho do Brasil” para fazer a tão esperada, pela população com exceção dos atuais e ex-funcionários públicos, reforma da previdência.
 Além do “arroz com feijão”, que todo mundo sabe ou, pelo menos, deveria saber, o BACEN poderia jogar com as expectativas e não contra elas. Em outras palavras, a questão não é aumentar ou diminuir a meta, mas sim acertá-la. Se a meta de inflação, alta ou baixa, é consistentemente acertada; o CMN pode anunciar um decréscimo da meta que as expectativas inflacionárias conduzirão a inflação corrente à anunciada. Para isso, o BC deve parar de mirar na banda superior. Se a taxa efetiva fica sempre acima da meta, o mais prudente seria subir a meta para aumentar a credibilidade do Banco Central.

Um comentário:

  1. Olá Darcio,
    Muito bom o seu artigo e é otima a ideia de escrever um blog.
    Só discordo da ideia de aumentar a meta de inflação. Acho o contrário, que o a CMN deveria pensar em ser mais flexivel em relação as metas e começar e ter metas de crescimento também. Principalmente nesse momento de turbulencias/ amaeaças de calote.
    Dani

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